CONTRA O CAPACITISMO E POR CIDADES MAIS ACESSÍVEIS E INCLUSIVAS
12 de dezembro de 2021Charge: Ricardo Ferraz
Nesta semana, no dia 03 de dezembro, foi “celebrado” o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, data instituída pela Organização das Nações Unidas, a ONU, para estimular a reflexão e conscientizar a sociedade, promover inclusão, igualdade de oportunidades, e o acesso a direitos humanos das pessoas com deficiência. Ocorre que, infelizmente, faltam motivos para celebrar.
De acordo com a ONU, 1 bilhão de pessoas no mundo são deficientes – número o equivalente a 6250 São Caetanos! – e precisamos jogar luz e chamar a atenção para esse contingente gigantesco de pessoas que muitas vezes não são devidamente incluídas e que são vítimas de preconceito e capacitismo.
Capacitismo, em breve síntese, é pensar falsamente que pessoas com deficiência são limitadas e menos capazes, adotando posturas de superioridade em relação a elas. Um bom exemplo de capacitismo que faz parte do nosso cotidiano é utilizar a expressão “dar uma de João-Sem-Braço” para nos referir a uma pessoa preguiçosa, descompromissada ou “Tá surdo?”, para quando nosso interlocutor não está prestando atenção.
Precisamos parar de diminuir as pessoas com deficiência e eliminar essa falsa premissa que elas são menos capazes. Mais do que isso, é preciso avançar em pautas importantes na luta por acessibilidade e inclusão. É momento de avaliar e de fato ponderar soluções para a participação plena e efetiva das pessoas com deficiência em cada aspecto da vida social, econômica e cultural.
Pessoas com deficiência têm menos probabilidade de ter acesso aos cuidados de saúde, emprego, tem menor escolaridade devido à falta de acessibilidade nas escolas brasileiras, e têm maior probabilidade de viver em situação de extrema pobreza.
Além disso, a grande maioria das cidades não está preparada para o grande desafio de incluir as pessoas com deficiência na vida em comunidade: meios de transportes inseguros e não inclusivos, falta de acessibilidade nos passeios públicos e edificações, falta de acesso, à cultura, esporte e lazer. Para piorar, a grave crise global de saúde atenuou ainda mais as desigualdades entre pessoas com e sem deficiência.
Desse modo, devemos aproveitar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e reconhecer a acessibilidade como um meio essencial para o exercício de direitos e da cidadania. É nosso dever, não apenas como gestores públicos, mas como cidadãos, a necessidade da acessibilidade e inclusão como parte indispensável para o desenvolvimento da nossa sociedade.