Prefeitura de São Caetano promove debate sobre racismo estrutural em data de Abolição da Escravatura

Prefeitura de São Caetano promove debate sobre racismo estrutural em data de Abolição da Escravatura

16 de maio de 2022 0 Por Desperta São Caetano

Ng’oma é uma expressão da África bantu que significa “tambores da aflição”. É um instrumento musical típico, feito a partir de uma pele animal esticada sobre um cilindro de madeira, que foi levado pelos escravos africanos para todas as partes do mundo, inclusive o Brasil.

Na sexta-feira (13/5), ao se completarem 134 anos da abolição da escravatura, Ng’oma foi mais do que uma memória do passado: foi uma reflexão sobre o futuro. O evento Diálogos Ng’oma, promovido pela Prefeitura de São Caetano do Sul, por meio das secretarias de Educação (Seeduc) e Cultura (Secult), reuniu artistas e educadores para refletirem sobre a desconstrução do racismo estrutural, ou seja, o racismo entranhado na estrutura de nossa sociedade.

“É fato que há uma tentativa de apagamento e de inviabilização da cultura negra no Brasil. Isso se dá devido ao racismo estrutural que vem sendo discutido e refletido principalmente pelas comunidades negras”, considera o secretário de Cultura, Erike Busoni. “Daí a importância de se realizar um encontro com artistas e educadores, pois os educadores precisam se conscientizar e conseguirem entender esse processo racista institucionalizado para combatê-lo dentro de seus espaços e territórios de poder, que são, principalmente, a formação de opinião dos jovens brasileiros e a formação identitária das crianças”.

Para Minéa Fratelli, secretária de Educação, problematizar a data de 13 de maio e toda a história que envolve a população africana e afrodescendente é fundamental. “Por isso palestras e formações estão planejadas pelas secretarias de Educação e de Cultura com o objetivo de se fazer conhecer a voz dos povos historicamente silenciados”, anunciou.

EDUCAÇÃO E CULTURA
O evento, realizado no Cecape (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação) Dra. Zilda Arns, começou às 18h, com a apresentação do grupo de capoeira Menino Chorou no saguão.

A partir das 19h, começaram os diálogos em diferentes salas: o ator e diretor teatral Licko Turle, que estava na Bahia, fez uma videoconferência com a mediação das formadoras do Cecape Milene Valentir e Lica Barros. Ele conduziu o tema “Teatro do Oprimido como Território de Resistência”. Os professores Jonas do Nascimento e Thiago Rosa dialogaram sobre “A Música como Território de Resistência, a professora Jacira Capella e a psicóloga Yvete Yavo abordaram o tema “Educação Antirracista”.

Jacira e Ivete são representantes da sociedade civil no Conescs (Conselho Municipal da Comunidade Negra), que apoiou o evento. Sandra Cassiano, presidente do Conescs, enfatizou a importância de eventos como esse para a aplicação da Lei nº 10.639, que estabelece a inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira no currículo das escolas. “É a partir da formação de diretores e professores que o tema chega aos alunos. Precisamos falar da necessidade de combatermos o racismo e a intolerância”.

Para o secretário de Cultura Erike Busoni, as experiências compartilhadas por artistas e educadores mostraram que é possível valorizar a cultura afro-brasileira dentro de seus espaços. “Cultura é educação e educação é cultura. Oportunizar espaços de reflexão e debate sobre o tema é combater o racismo estrutural e valorizar o protagonismo da cultura brasileira”.